O que faz um lírio nas mãos de São José (algumas vezes nas mãos do menino Jesus que está em seu colo) nos ícones ou imagens?
Na antiguidade (e mesmo na Idade Média) era muito comum a representação de uma linguagem por meio de símbolos e elementos da vida cotidiana ou da natureza. Em um período onde praticamente não havia leitura ou acesso a ela, a simbologia e as artes eram uma das grandes vias para fazer o homem mergulhar na profundidade dos valores morais, pensamentos e sentimentos. Daí aprendemos, por exemplo, com a Igreja oriental que os ícones são lidos e não apenas venerados.
Assim, do Antigo ao Novo Testamento as coisas criadas sempre foram utilizadas como representação para dar cor, brilho, beleza e força à linguagem, ajudando dessa forma na compreensão e entendimentos mais profundos das Escrituras, pois “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento revela a obra de suas mãos” (Salmo 19,2). De fato, as coisas criadas dão sempre testemunho das obras do seu Criador!
Dentre tantas representações, uma chama a atenção dos que rezam ou veneram a imagem do Glorioso São José: Um lírio em suas mãos! O que faz um lírio nas mãos de São José (algumas vezes nas mãos do menino Jesus que está em seu colo) nos ícones ou imagens?
Há uma tradição (não comprovada pela igreja) que diz que o sacerdote do templo teria reunido os jovens de Jerusalém para saber qual deles seria o pai do Messias prometido e dado um bastão para cada um, e a resposta de Deus seria dada pela flor (supostamente um lírio) que brotaria do bastão de um dos jovens, o que teria acontecido com o bastão de José. Tal ação do sacerdote teria sido uma menção há uma tradição ainda mais antiga que está em Números 17, 16-26: A Eleição de Arão.
Se por um lado não há evidências que comprovem esse fato, por outro lado não são poucas as citações que expressam claramente o significado do lírio nas Escrituras Sagradas.
De Salomão no Cânticos dos cânticos à Jesus nos Evangelhos, encontramos várias menções alusivas à beleza, exuberância e perfumes dessa flor; “Vejam como crescem os lírios do campo. Não fiam nem tecem. Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles” (Lucas 12,27).
Nos tempos atuais vemos na Basílica da Anunciação em Nazaré, na Terra Santa (Local onde foi a casa de Nossa Senhora), uma cúpula desenhada e projetada em formato de um lírio invertido sobre a gruta da Anunciação, simbolizando que Maria é a flor de Nazaré que une o céu e a terra.
Qual seria então a relação do Lírio com o chefe da Sagrada Família?
Durante muito tempo e em diferentes culturas o lírio passou a representar também a pureza, pois apesar de ser considerada uma planta silvestre (Aquelas que nascem e se reproduzem de forma espontânea, sem necessidade do cultivo e cuidados do ser humano) ela ainda cresce e se desenvolve em condições de terreno e clima não favoráveis como é o caso da região de Israel, contudo, sem deixar de exalar seu perfume e beleza; e sem perder sua exuberância.
Por conta disso, há citações bíblicas que além de fazer relação com a beleza, também associam o lírio ao Justo (Santo), que convive com o pecado, mas não se contamina por ele. “Eu sou a rosa dos campos de Saron, o lírio dos vales” (Ct, 2,1).
E é aqui que encontramos a maior relação do lírio com o nosso amado São José. A tradição colocou nas mãos do pai adotivo de Jesus essa flor para sempre recordar em todos os tempos que, dentre tantas virtudes, José foi um homem casto, puro e santo. Ele que, seguindo a vontade de Deus, “acolheu Maria como sua esposa” (Mt 1,24) sem deixar de viver a castidade.
Enfim, o lírio nas mãos de São José nos aponta à pureza. Por tanto, ao contemplarmos a imagem do Esposo da Mãe de Deus, Casto guarda da Virgem (Ladainha S. José) lembremos sempre que é possível sim, viver a virtude da castidade contando com a graça de Deus, mesmo com tantos desafios nos tempos de hoje e confiemo-nos sempre aos cuidados daquele que tão bem guiou e cuidou da Família Santa de Nazaré.
Castíssimo São José, rogai por nós!
Fonte: Shalom