“Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me.” (Lucas 9, 23)
Renunciar a si mesmo é ter a disposição de carregar a cruz, as contrariedades e dificuldades próprias da vida de cada um. Desde o chamado de Deus até o sim que pronunciamos em nossa resposta vocacional, percebemos a presença da cruz. Este sim, contrariando talvez nossas próprias expectativas, não nos isenta do sofrimento.
Talvez a nossa resposta generosa ao chamado de Deus – que renovamos a cada dia de nossa vida – fosse garantia de que a cruz estaria sempre longe de nossa vocação. Mas nada disso acontece. A fragilidade nos acompanha ao longo do caminho vocacional que trilhamos durante a vida. Não somos poupados da cruz que se manifesta nas situações difíceis da aventura humana.
A vocação como experiência de cruz
Nossa vocação passa de diferentes formas pelo monte calvário, onde fora crucificado o Mestre que seguimos, porque ninguém está isento da cruz. Mas isso não é motivo de desânimo nem justificativa para rever a opção ou mudar a direção do caminho.
Na realidade, os sofrimentos e as contradições que enfrentamos na vivência de nossa vocação nos aproximam de Jesus crucificado e nos permitem aprofundar o sentido de nossa opção e suas consequências para a sociedade, para a Igreja e para o reino.
Devemos ter medo de uma vocação sem cruz, pois isso pode ser sinal de comodismo, de indiferença aos problemas do mundo e claro sinal da ausência de missionariedade e profetismo que caracteriza a vocação dos seguidores de Jesus Cristo. Uma vocação sem cruz certamente está longe da radicalidade evangélica de amor incondicional aos irmãos, principalmente aos menos favorecidos.
Se a cruz de uma ou de outra maneira marca o caminho de cada vocacionado, ela também nos prova e nos permite dar testemunho de adesão amorosa e fiel ao evangelho de Jesus Cristo.
Podemos até sentir o peso da cruz e cansar ao longo da caminhada, mas não temos motivos para nos desanimar se nossa fé aponta para Jesus Cristo, que não nos abandona em meio às tribulações da história e nem nos deixa sozinhos na missão. Ele nos chama, nos envia e caminha conosco!
Na cruz de Cristo reconhecemos a nossa fraqueza. E nele nos tornamos mais fortes.
Fonte: A12
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