LITURGIA DO DIA 22 DE JULHO DE 2024
SEGUNDA-FEIRA – SANTA MARIA MADALENA – DISCÍPULA DE JESUS
(branco, glória, prefácio próprio – ofício da festa)
Antífona da entrada
Disse o Senhor a Maria Madalena: Vai a meus irmãos e anuncia-lhes: Subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus (Jo 20,17).
Primeira Leitura: Cântico 3,1-4
Leitura do livro do Cântico dos Cânticos – Eis o que diz a noiva: 1“Em meu leito, durante a noite, busquei o amor de minha vida: procurei-o e não o encontrei. 2Vou levantar-me e percorrer a cidade, procurando, pelas ruas e praças, o amor de minha vida: procurei-o e não o encontrei. 3Encontraram-me os guardas que faziam a ronda pela cidade. ‘Vistes porventura o amor de minha vida?’ 4E logo que passei por eles, encontrei o amor de minha vida”. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 62(63)
Resposta: A minha alma tem sede de vós, Senhor!
1. Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! / Desde a aurora, ansioso vos busco! / A minha alma tem sede de vós, † minha carne também vos deseja, / como terra sedenta e sem água! – R.
2. Venho, assim, contemplar-vos no templo / para ver vossa glória e poder. / Vosso amor vale mais do que a vida, / e por isso meus lábios vos louvam. – R.
3. Quero, pois, vos louvar pela vida / e elevar para vós minhas mãos! / A minha alma será saciada, / como em grande banquete de festa; / cantará a alegria em meus lábios / ao cantar para vós meu louvor! – R.
4. Para mim fostes sempre um socorro; / de vossas asas à sombra eu exulto! / Minha alma se agarra em vós; / com poder vossa mão me sustenta. – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Responde-nos, ó Maria, no teu caminho o que havia? / Vi Cristo ressuscitado, o túmulo abandonado! – R.
Evangelho: João 20,1-2.11-18
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – 1No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. 2Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”. 11Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo. 12Viu, então, dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. 14Tendo dito isso, Maria voltou-se para trás e viu Jesus, de pé. Mas não sabia que era Jesus. 15Jesus perguntou-lhe: “Mulher, por que choras? A quem procuras?” Pensando que era o jardineiro, Maria disse: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu o irei buscar”. 16Então Jesus disse: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou em hebraico: “Rabunni” (que quer dizer: Mestre). 17Jesus disse: “Não me segures. Ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. 18Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor!” e contou o que Jesus lhe tinha dito. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Procurei o Amado… (Ct 3,1-4)
Diante de Deus, toda alma é feminina, no sentido de que Deus é o Amante por excelência, fonte do único amor eterno e capaz de preencher o vazio do coração humano. Todo o Antigo Testamento é perpassado pela figura alegórica de um Deus-Esposo, enquanto Israel, o povo escolhido, é sua amada.
No livro de Oseias, o profeta se identifica com o próprio Senhor, chamado a amar de novo uma esposa que havia sido infiel à sua aliança de amor (cf. Os 3). O próprio Jesus acolhe a mesma imagem, assumindo o papel esponsal: “Quem tem a Esposa é o Esposo” (Jo 3,29). Outras passagens neotestamentárias o confirmam e aprofundam: Mt 9,15; 22.1; 25.1; 2Cor 11,2; Ef 5,22. Mesmo no Apocalipse, o clímax da visão não está em bestas ferozes, ou trombetas assustadoras, mas nas núpcias do Cordeiro com a Igreja amada (cf. Ap 19,7; 21,2).
Entende-se, pois, que a Liturgia tenha escolhido esta leitura do Cântico dos Cânticos para a festa de Santa Maria Madalena, a mulher que chorava junto ao túmulo do Amado morto, sem saber que ele vencera a morte e estava logo ali, a ponto de confundi-lo com o jardineiro (Jo 20).
Em seu “Cântico Espiritual”, canção X, São João da Cruz suspira:
“Extingue os meus anseios,
Porque ninguém os pode desfazer;
E vejam-te meus olhos,
Pois deles és a luz,
E para ti somente os quero ter.”
E o próprio poeta interpreta a estrofe: “A alma continua, portanto, na presente canção, a pedir ao Amado se digne pôr termo às suas ânsias e penas, visto como não há outro, senão ele só, que o possa fazer. Pede que seja de modo a tornar-se possível contemplá-lo com seus próprios olhos, pois é o Amado a sua luz, e a alma não os quer empregar em outra coisa, a não ser unicamente nele”.
Naturalmente, há várias espiritualidades além da carmelitana, mas seria prudente evitar certas “espiritualidades” que apresentam um Deus inatingível, desfeito na dinâmica do universo, ou um Cristo guerreiro que conclama à batalha final. Deus é amor. Deus é amante. Deus espera por uma relação amorosa.
E Maria Madalena pode servir de exemplo. Afinal, estava entre os pouquíssimos que não fugiram da cruz do Calvário…
Orai sem cessar: “Encontrei aquele que meu coração ama!” (Ct 3,4)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Visualizações: 97