Liturgia Diária

LITURGIA DO DIA 17 DE JULHO DE 2024

QUARTA-FEIRA – BEM-AVENTURADO INÁCIO DE AZEVEDO, presbítero, E COMPANHEIROS, mártires
(vermelho, pref. comum ou dos mártires – ofício da memória)
Antífona da entrada
Ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Fl 2,10s).
Primeira Leitura: Isaías 10,5-7.13-16
Leitura do livro do profeta Isaías – Assim fala o Senhor: 5“Ai de Assur, vara de minha cólera, bastão em minhas mãos, instrumento de minha indignação! 6Eu o envio contra uma nação ímpia e ordeno-lhe, contra um povo que me excita à ira, que o submeta à pilhagem e ao saque, que o calque aos pés como lama nas ruas. 7Mas ele assim não pensava, seu propósito não era esse; pelo contrário, sua intenção era esmagar e exterminar não poucas nações. 13Pois diz o rei da Assíria: ‘Realizei isso pela força da minha mão e com minha sagacidade, pois tenho experiência; aboli as fronteiras dos povos, saqueei seus tesouros e derrubei de golpe os ocupantes de altos postos; 14minha mão empalmou como um ninho a riqueza dos povos; e como se apanha uma ninhada de ovos, assim ajuntei eu os povos da terra, e não houve quem batesse asa ou abrisse o bico e desse um pio’. 15Mas, acaso, gloria-se o machado, em detrimento do lenhador que com ele corta? Ou se exalta a serra contra o serrador que a maneja? Como se a vara movesse quem a levanta e um bastão erguesse aquele que não é madeira. 16Por isso, enviará o Dominador, Senhor dos exércitos, contra aqueles fortes guerreiros, o raquitismo; e abalará sua glória com convulsões que queimam como fogo”. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 93(94)
Resposta: O Senhor não rejeita o seu povo.
1. Eis que oprimem, Senhor, vosso povo / e humilham a vossa herança; / estrangeiro e viúva trucidam, / e assassinam o pobre e o órfão! – R.
2. Eles dizem: “O Senhor não nos vê / e o Deus de Jacó não percebe!” / Entendei, ó estultos do povo; / insensatos, quando é que vereis? – R.
3. O que fez o ouvido não ouve? / Quem os olhos formou não verá? / Quem educa as nações não castiga? / Quem os homens ensina não sabe? – R.
4. O Senhor não rejeita o seu povo / e não pode esquecer sua herança: / voltarão a juízo as sentenças; / quem é reto andará na justiça. – R.
Aclamação ao Evangeho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Graças te dou, ó Pai, / Senhor do céu e da terra, / pois revelaste os mistérios do teu Reino aos pequeninos, / escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25) – R.
Evangelho: Mateus 11,25-27
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – 25Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 27Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Escondeste estas coisas aos sábios… (Mt 11,25-27)
Existe uma ciência que vem de Deus. São Paulo a identifica como um dom do Espírito Santo (cf. 1Cor 12,8). O cristão beneficiado com este dom sabe que não é dono dele e, por isso mesmo, une a humildade à gratidão.
Existe também uma ciência puramente “humana”, construída com razões e conceitos, filosofias e diplomas, polêmicas e logomaquias. Paulo apóstolo diz que esta ciência “incha” (1Cor 8,1).
Todos sabem que a primeira ciência faz os santos. A segunda faz proliferar os hereges. A ciência divina gera a unidade. A ciência humana semeia a divisão e a discórdia, forma partidos e escolas, troca a verdade pelo palpite.
Comentando este Evangelho, Hans Urs von Balthasar diz: “Tudo vem do Pai. Jesus, o revelador, agradece ao Pai por aquilo que ele mesmo possa ser. E já está previsto no plano do Pai que Jesus não irá atingir ‘os sábios e os sabidos’ com sua revelação. É que estes pensam que sabem tudo, e sabem melhor que os outros, mas atingirá os ‘pequeninos’, isto é, aqueles que não se abriram à teologia dos ‘doutores da lei’, assim como os ‘pobres em espírito’, como os ‘doentes’ que interrogam o médico com o olhar, como as ‘ovelhas esgotadas’ que não têm pastor”.
Uma rápida varredura na História da Igreja nos mostrará que todo erro e desvio da doutrina recebe de início uma advertência da hierarquia. Somente a obstinação no erro dará espaço à condenação e ao anátema. Os humildes se inclinam ao magistério eclesial e permanecem no redil. O “inchado” prefere a excomunhão.
A pobreza de espírito é, no fundo, uma permanente abertura à verdade. Uma vacina contra o erro. Prossegue von Balthasar: “Estes pobres possuem um espírito aberto e não entupido de mil teorias; mesmo que eles sejam desprezados pelos sabidos, Deus os reservou como destinatários de sua revelação”. O teólogo suíço ainda chama nossa atenção para um fato: em sua humanidade e rebaixamento, o Filho – tanto como mediador do Pai como em razão de seus próprios sentimentos, – só pode ser compreendido pelos “pequeninos” aos quais ele se dirige.
Um retiro espiritual seguido de uma confissão geral pode formar um bom cristão. Um curso de teologia para leigos pode gerar um bando de pavões. São Paulo adverte aqueles que “se baseiam em pretensas visões, deixando-se ingenuamente inchar-se de orgulho por sua mente carnal” (Cl 2,18b).
Orai sem cessar: “O Senhor ampara os humildes.” (Sl 147,6)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.