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3 livros de literatura que ensinam os valores cristãos

Inspirada pela mensagem do Papa Francisco sobre o papel da literatura na educação, confira três obras literárias que expressam valores e virtudes cristãos.

Recentemente, em uma de suas cartas, o Papa Francisco falou sobre o papel que a literatura pode desempenhar na educação do coração e da mente dos cristãos. O Santo Padre destacou o valor da leitura de romances e poemas como um meio significativo para o amadurecimento pessoal.

Além dos livros clássicos da fé católica, como Confissões, Castelo Interior e Moradas, Filoteia e tantos outros, que expressam não apenas uma religião moral, mas também intelectual e espiritual, há também clássicos literários que podem ajudar na formação do imaginário e no crescimento espiritual dos leitores.

Assim, clássicos do romance, da poesia e da aventura, ao serem lidos com um olhar atento, são grandes ferramentas para o amadurecimento humano.
Dessa forma, inspirada pela mensagem do Papa Francisco sobre o papel da literatura na educação, selecionamos três obras literárias que expressam valores e virtudes capazes de contribuir para o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e do amadurecimento humano e espiritual.

Qual o papel da literatura?
Faz parte da obra de ficção ser verossímil em seu próprio mundo fantástico. Isso significa que, mesmo em um cenário imaginário, os eventos, personagens e regras devem seguir uma lógica interna que faça sentido dentro do mundo da história.

Em sua carta, o Santo Padre afirma que uma obra literária é um texto vivo e fértil, capaz de nos oferecer novas perspectivas de muitas maneiras e produzir, em cada leitor, uma síntese original—ou seja, um resultado único e pessoal.

“Este [o leitor], enquanto lê, enriquece-se com o que recebe do autor, mas isso permite-lhe, ao mesmo tempo, fazer desabrochar a riqueza da sua própria pessoa, pois cada nova obra que lê renova e expande o seu universo pessoal”, ressalta o Papa.

O crítico literário Northrop Frye, autor de Imaginação Educada, afirma que “a literatura nos proporciona uma experiência que nos leva às grandes alturas e profundidades do que a mente humana é capaz de conceber”. Ela nos ajuda a compreender o mundo, nomeando aspectos que muitas vezes não sabemos como expressar, criando conexões e aprimorando nossas percepções.

Vamos às dicas:
1 – As Crônicas de Nárnia
As Crônicas de Nárnia, publicadas entre 1950 e 1956, são uma das obras mais populares do escritor irlandês C. S. Lewis, compostas por sete livros: O Sobrinho do Mago, O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, O Cavalo e seu Menino, Príncipe Caspian, A Viagem do Peregrino da Alvorada, A Cadeira de Prata e A Última Batalha.

Na obra, são narradas as aventuras dos irmãos Pevensie (Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia) na terra mágica de Nárnia, C. S. Lewis apresenta os conceitos de sacrifício, redenção e virtude por meio de mitos e contos de fadas.

Também podemos encontrar, nas Crônicas, uma alegoria bíblica que narra desde a criação de Nárnia por Aslam, o leão que personifica Cristo, até sua morte e ressurreição, e o fim e o recomeço da terra mágica.

Essas histórias formam um imaginário que atua como um arcabouço moral, alimentando a razão e ensinando valores cristãos.

2 – O Senhor dos Anéis
J. R. R. Tolkien escreveu uma das obras de ficção mais conhecidas do mundo: O Senhor dos Anéis. A obra, que narra as aventuras de elfos, hobbits e outros seres fantásticos na Terra Média, aborda a luta do bem contra o mal, o fardo pesado carregado por uma criatura inocente para a salvação do mundo, o valor da amizade e a união da comunidade em torno de um único objetivo. A partir desses elementos, as histórias da Terra Média nos ajudam a refletir sobre nossas escolhas e o impacto de nossas ações na vida dos outros.

Embora O Senhor dos Anéis não seja uma alegoria bíblica como As Crônicas de Nárnia, podemos perceber que as narrativas de Tolkien são moldadas por uma mentalidade católica que busca que o leitor experimente a Verdade, como algo com que devemos nos encontrar.

3 – A Divina Comédia
A Divina Comédia é um dos maiores poemas do Ocidente, originalmente escrito em dialeto florentino ou toscano e publicada entre 1304 e 1321, no século XIV. Dante foi o primeiro a escrever na língua vernácula, na época era comum que todas as obras fossem escritas em latim.

Apesar do nome conter a palavra “comédia”, isso não significa que a obra tem o objetivo de fazer o leitor rir; o termo refere-se a um enredo com um final feliz, que começa mal, mas termina bem.

A obra é escrita em versos e apresenta uma simetria baseada no número três, que, para Dante, era o número perfeito e fazia alusão à Santíssima Trindade.

O poema conta a viagem do próprio autor através do Inferno, Purgatório e Paraíso. Inicia-se com Dante perdido em uma selva escura, consciente de que se distanciou do caminho de Deus. Ao longo da jornada, ele passa por diversas experiências, do desespero ao encontro com a força da esperança.
A obra serve como um convite para nossa autoavaliação e a tomada de consciência de si e de nossas atitudes.

Cada uma dessas recomendações pode servir como um livro de cabeceira, com o qual podemos buscar o descanso da alma por meio de momentos de lazer, como mencionado por Santo Tomás de Aquino:
“Essas palavras e ações nas quais não se busca senão o prazer da alma chamam-se divertimentos ou recreações. Lançar mão delas, de quando em quando, é uma necessidade para o descanso da alma” (Suma Teológica, II-II, q. 168, a. 2).

Fonte: Shalom