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Este é o caminho de Deus, o caminho da humildade

Este é o caminho de Deus, o caminho da humildade
Homilia do Papa Francisco na Celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor
O Papa Francisco presidiu hoje, às 9:30 (hora local), a solene celebração litúrgica do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor na Praça de São Pedro. Eis o texto completo da homilia:
No centro desta celebração, qe se apresenta tão festiva, está a palavra que ouvimos no hino da Carta aos Filipenses: «Humilhou-Se a Si mesmo» (2, 8). A humilhação de Jesus.

Esta palavra desvenda-nos o estilo de Deus e, consequentemente, o que deve ser do cristão: a humildade. Um estilo que nunca deixará de nos surpreender e pôr em crise: não chegamos jamais a habituar-nos a um Deus humilde!

Humilhar-se é, antes de mais nada, o estilo de Deus: Deus humilha-Se para caminhar com o seu povo, para suportar as suas infidelidades. Isto é evidente, quando se lê a história do Êxodo: que humilhação para o Senhor ouvir todas aquelas murmurações, aquelas queixas! Embora dirigidas contra Moisés, no fundo eram lançadas contra Ele, o Pai deles, que os fizera sair da condição de escravatura e os guiava pelo caminho através do deserto até à terra da liberdade.

Nesta Semana, a Semana Santa, que nos leva à Páscoa, caminharemos por esta estrada da humilhação de Jesus. E só assim será «santa» também para nós!

Ouviremos o desprezo dos chefes do seu povo e as suas intrigas para O fazerem cair. Assistiremos à traição de Judas, um dos Doze, que O venderá por trinta denários. Veremos ser preso o Senhor e levado como um malfeitor; abandonado pelos discípulos; conduzido perante o Sinédrio, condenado à morte, flagelado e ultrajado. Ouviremos que Pedro, a «rocha» dos discípulos, O negará três vezes. Ouviremos os gritos da multidão, incitada pelos chefes, que pede Barrabás livre e Ele crucificado. Vê-Lo-emos escarnecido pelos soldados, coberto com um manto de púrpura, coroado de espinhos. E depois, ao longo da via dolorosa e junto da cruz, ouviremos os insultos do povo e dos chefes, que zombam de Ele ser Rei e Filho de Deus.

Este é o caminho de Deus, o caminho da humildade. É a estrada de Jesus; não há outra. E não existe humildade, sem humilhação.

Percorrendo até ao fim esta estrada, o Filho de Deus assumiu a «forma de servo» (cf. Flp 2, 7). Com efeito, a humildade quer dizer também serviço, significa dar espaço a Deus despojando-se de si mesmo, «esvaziando-se», como diz a Escritura (v. 7). Esta – esvaziar-se – é a maior humilhação.

Há outro caminho, contrário ao caminho de Cristo: o mundanismo. O mundanismo oferece-nos o caminho da vaidade, do orgulho, do sucesso… É o outro caminho. O maligno propô-lo também a Jesus, durante os quarenta dias no deserto. Mas Jesus rejeitou-o sem hesitação. E, com Ele, só com a sua graça, com a sua ajuda, também nós podemos vencer esta tentação da vaidade, do mundanismo, não só nas grandes ocasiões mas também nas circunstâncias ordinárias da vida.

Nisto, serve-nos de ajuda e conforto o exemplo de tantos homens e mulheres que cada dia, no silêncio e escondidos, renunciam a si mesmos para servir os outros: um familiar doente, um idoso sozinho, uma pessoa deficiente, um sem-abrigo…

Pensamos também na humilhação das pessoas que, pela sua conduta fiel ao Evangelho, são discriminadas e pagam na própria pele. E pensamos ainda nos nossos irmãos e irmãs perseguidos porque são cristãos, os mártires de hoje (e são tantos): não renegam Jesus e suportam, com dignidade, insultos e ultrajes. Seguem-No pelo seu caminho. Verdadeiramente, podemos falar duma «nuvem de testemunhas» (cf. Heb 12, 1): os mártires de hoje.

Durante esta Semana, emboquemos também nós decididamente esta estrada da humildade, com tanto amor por Ele, o nosso Senhor e Salvador. Será o amor a guiar-nos e a dar-nos força. E, onde Ele estiver, estaremos tambémnós (cf. Jo 12, 26).