Qual será a minha vocação e a minha profissão?
Qual será a minha vocação e a minha profissão?
Deus nos criou para uma missão neste mundo; e para isso nos dotou de talentos adequados para cumpri-la. Quando realizamos o desejo de Deus, então, somos felizes porque nos sentimos realizados e úteis. Então, é fundamental descobrir a nossa vocação.
Quando você realiza sua vocação, dá sentido a sua vida. Cada pessoa é chamada (vocação vem do latim ‘vocare’ = chamar) por Deus a ter uma vida realizada e plena.
Tomar consciência de que a vocação é um chamado de Deus à vida deve nos alertar de como viver bem esta vida que nos foi dada não só como um presente, mas também como missão.
Vocação é diferente de profissão, embora possa haver uma interface entre ambas. A sua profissão é definida por suas aptidões, já a vocação define um “estado de vida”; é algo mais profundo dentro de você; é algo “existencial”, compreende toda a sua pessoa, toda a sua realidade psicológica, mental e espiritual.
Há jovens que têm dúvida em discernir sobre a sua vocação, especialmente se vão se casar ou serem consagrados e celibatários. Essa é uma questão fundamental. Quem tem um desejo muito forte de se casar, ter filhos, constituir uma família, então, deve seguir esse caminho e nele servir a Deus como bom pai, boa mãe, bom esposo (a), bom profissional, etc.
Os que são chamados por Deus para o sacerdócio, ou para uma vida religiosa celibatária, terão mais atração para esta opção do que para o casamento. Deus coloca no coração da pessoa este desejo, embora ele tenha de cultivá-lo com sua graça, oração, etc. Evidentemente a decisão deve ser tomada com um bom conhecimento do que seja tanto a vida conjugal quanto a celibatária de um consagrado a Deus. E nisto muito ajuda a orientação espiritual de uma pessoa madura.
Quem deseja seguir a vida religiosa deve estar ciente de que fará uma “entrega radical” de sua vida a Deus e a seu Reino, sem viver para si mesmo e para uma família. Será como Jesus, “alter Christus”, um outro Cristo, que disse que não tinha “nem onde reclinar a cabeça”; isto é, nada possuía, era desapegado de tudo, vivia só para Deus. Sua vontade era “fazer a vontade do Pai” (João 6,30), este era “seu alimento” (João 4,32). Quem deseja seguir esta vocação deve estar ciente de que deve “dar a vida para ganha-la” (Mt 16,24), como o grão de trigo que morre na terra para dar fruto (João 12, 24). É uma “chamada radical” e que não admite meio termo, sob pena da pessoa ficar frustrada.
Já para a vida conjugal, é necessário o discernimento para verificar se há o desejo sincero de dividir a sua vida com alguém, de forma exclusiva, na fidelidade ao outro em todos os instantes até a morte, vivendo para ele e para os filhos.
Então, para o bom discernimento da vocação é preciso que você olhe para você mesmo com olhos abertos, sem medo e sem se esconder de você mesmo. E peça a Deus que o ajude a se conhecer. Se você se confrontar com você mesmo, então se conhecerá e não se iludirá.
Escolhido o caminho a seguir, então, vá em frente com determinação, atento aos acontecimentos, em direção àquilo que se sente chamado. Nesta caminhada você vai descobrindo se tem ou não as disposições exigidas pela realidade que escolheu.
Já na vida secular, para aquele que optou pelo casamento ou por uma vida celibatária no mundo, nem sempre é fácil escolher a profissão e muitos se enganam. Isso exige também que você se conheça com clareza; identifique seus talentos e aptidões. Não adianta, por exemplo, querer ser médico se você não pode ver sangue. Não adianta querer ser engenheiro se detesta física e matemática… Seja coerente.
Pode ser que um psicólogo (a) o ajude com testes vocacionais e orientações adequadas. Mas, acima de tudo é preciso “ouvir o coração”: o que você gosta de fazer? Quais são as suas aptidões e interesses? Também saiba ouvir os outros que estão perto de você. Muitas vezes as pessoas identificam os nossos valores e talentos e os revelam a nós.
Algumas vezes somos obrigados a tomar uma decisão difícil para mudar o rumo de nossa vida profissional, quando sentimos que não gostamos do que estamos fazendo, do trabalho que realiza, etc. Eu mesmo mudei radicalmente o rumo de minha vida aos 20 anos de idade quando já estava às vésperas de receber a espada de oficial do Exército na Academia Militar. Eu sentia que não era o meu interesse, o meu gosto, por que eu queria ser professor. Então, deixei a Academia e fui ser professor universitário, o que fiz durante 40 anos. E fui e sou feliz nisso, ensinando.
Para o cristão, o discernimento da vocação ou da profissão, exige a oração, a relação de intimidade com Deus, pois foi Ele quem o criou e deseja que você se realize. Não podemos esquecer do que Jesus disse: “Sem mim NADA podeis fazer” (João 15,5).
Prof. Felipe Aquino
Canção Nova
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