Papa Francisco diz para evangelizar
Papa diz que para evangelizar, cristãos devem construir pontes e não muros
Papa usou o exemplo do apóstolo São Paulo para orientar os fiéis a anunciarem Jesus Cristo
“A evangelização não é fazer proselitismo”, disse o Papa Francisco na Missa na Casa Santa Marta, na manhã desta quarta-feira, 8. O Papa destacou que o cristão que quer anunciar o Evangelho, deve dialogar com todos, sabendo que ninguém possui a verdade, porque a verdade é recebida a partir do encontro com Jesus.
A Missa foi concelebrada pelo Cardeal Francesco Coccopalmerio e Dom Oscar Rizzato e teve a participação dos funcionários dos Serviços Gerais do Governatorado, da Chancelaria do Tribunal do Estado Vaticano.
“Os cristãos de hoje são como Paulo, que falando aos gregos no Aerópago, construiu pontes para anunciar o Evangelho sem condenar ninguém”, sublinhou o Papa Francisco, acentuando a atitude corajosa de Paulo que “se aproxima do coração” de quem o escuta, “busca o diálogo”.
Por isto – observou – o Apóstolo foi verdadeiramente “um pontífice, um construtor de pontes” e não um “construtor de muros”. Isto – acrescentou – nos faz pensar nas atitudes que sempre deve ter um cristão:
“Um cristão deve anunciar Jesus Cristo em uma maneira que Jesus Cristo seja aceito, recebido, não rejeitado. E Paulo sabe que ele deve semear esta mensagem evangélica. Ele sabe que o anúncio de Jesus Cristo não é fácil, mas que não depende dele: ele deve fazer todo o possível, mas o anúncio de Jesus Cristo, o anúncio da verdade, depende do Espírito Santo. Jesus nos diz no Evangelho de hoje: ‘Quando Ele vier, o Espírito da verdade, nos revelará toda a verdade’. Paulo não diz aos atenienses: “Esta é a enciclopédia da verdade. Estudem isto e tereis a verdade, a verdade”. Não! A verdade não entra numa enciclopédia. A verdade é um encontro; é um encontro com a Suma Verdade: Jesus, a grande verdade. Ninguém é dono da verdade. A verdade se recebe no encontro”.
Mas porque Paulo agiu assim? Antes de tudo – afirmou o Papa -, porque “este é o jeito” de Jesus que “falou com todos”. Com os pecadores, com os publicanos, com os doutores da lei. Paulo, então, “segue as atitudes de Jesus””:
“O cristão que quer levar o Evangelho deve seguir este caminho: escutar a todos! Mas agora é um tempo favorável na vida da Igreja: estes últimos 50 anos, 60 anos, são um tempo favorável, porque eu me lembro quando era criança que se escutava nas famílias católicas, na minha família: “Não, na casa deles não podemos ir, porque não são casados na Igreja, são socialistas, são ateus, eh!”. Era como uma exclusão. Agora – graças a Deus – não, não se diz mais isto, não é mesmo? Não se diz mais aquilo, não é mesmo? Não se diz! Isto existia como uma defesa da fé, mas com muros. O Senhor, por sua vez, fez pontes. Primeiro: Paulo tem esta atitude, porque foi a atitude de Jesus. Segundo: Paulo tem a consciência que ele deve evangelizar, não fazer proselitismo”.
A Igreja – foi a sua reflexão citando Bento XVI -, “não cresce com proselitismo”, mas “cresce pela atração, pelo seu testemunho, pela sua pregação”. E Paulo tinha exatamente esta atitude: anuncia, não faz proselitismo. E consegue agir assim porque “ninguém duvidava do seu Senhor”. “Os cristãos que tem medo de fazer pontes e preferem construir muros – advertiu – são cristãos inseguros da própria fé, não seguros de Jesus Cristo”. Os cristãos, ao invés disto, fazem como Paulo e começam a construir pontes e seguir em frente”:
“Paulo nos ensina este caminho de evangelizar, porque assim o fez Jesus, porque é bem consciente que a evangelização não é fazer proselitismo: é porque tem segurança em Jesus Cristo e não tem necessidade de justificar-se e de buscar razões para justificar-se. Quando a Igreja perde esta coragem apostólica se torna uma Igreja parada, uma Igreja organizada, bonita, muito bonita, mas sem fecundidade, porque perdeu a coragem de ir às periferias, onde tantas pessoas são vítimas da mundanidade, da idolatria, de pensamentos débeis…tantas coisas. Peçamos hoje a São Paulo que nos dê esta coragem apostólica, este fervor espiritual, de sermos seguros. ‘Mas, Padre, nós podemos nos enganar’…..”Avante, se erras, te levante e siga em frente: este é o caminho”. Aqueles que não caminham para não errar, cometem um erro mais grave. Assim seja.”
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