Primeira votação tem fumaça preta
Primeira votação tem fumaça preta, e conclave ainda não elege novo Papa
Votações prosseguem nesta quarta (13) na Capela Sistina, no Vaticano.
Cardeais escolhem o sucessor de Bento XVI no comando da Igreja Católica.
Fumaça preta sai da Capela Sistina na noite desta terça-feira (12) (Foto: Dmitry Lovetsky/AP)
Os cardeais reunidos no conclave na Capela Sistina, no Vaticano, não conseguiram escolher o novo Papa na primeira votação realizada nesta terça-feira (12).
A fumaça preta se ergueu da chaminé da Capela Sistina, onde acontece a reunião secreta dos cardenais, por volta das 19h40 locais (15h40 de Brasília), durante vários minutos, indicando que nenhum participante obteve a maioria de dois terços dos votos necessárias para eleger o novo pontífice.
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O público que estava na Praça de São Pedro, sob chuva e frio, e que esperava a fumaça branca e os sinos que indicariam a escolha de um novo Papa, recebeu a fumaça preta produzida pela queima dos votos dos cardeais com lamentações.
Com o fracasso da primeira votação, os cardeais seguem confinados na Casa de Santa Marta, e o conclave para eleger o sucessor de Bento XVI continua nesta quarta-feira, com duas votações pela manhã e outras duas à tarde, ou até que um dos participantes obtenha os 77 votos necessários ou mais para ser escolhido o novo Papa.
A eleição do novo pontífice ocorre após a surpreendente renúncia do agora Papa Emérito Bento XVI, anunciada em 11 de fevereiro e efetivada em 28 de fevereiro, e que criou uma situação praticamente inédita para a Igreja moderna, em que dois pontífices, um atuante e outro "aposentado", devem coabitar no Vaticano, a poucos metros um do outro.
O alemão Josef Ratzinger deixou o cargo após oito anos de um pontificado marcado por crises e divisões internas e deixa para seu sucessor uma Igreja com muitos problemas e desafios.
O cardeal brasileiro Dom Odilo Pedro Scherer é citado, pela imprensa e por analistas, como um dos citados para ser o novo Papa, ao lado do italiano Angelo Scola, mas a previsão é de uma eleição difícil, sem favorito absoluto.
Os cardeais que entraram na Capela Sistina para eleger o novo Papa estão "em muito boa forma", informou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, pouco depois de fecharem as portas da capela.
Missa Pro Eligendo Pontifice
Mais cedo, Dom Angelo Sodano, cardeal decano da Igreja Católica, apelou pela "colaboração" e pela "unidade" dentro da Igreja, durante a missa Pro Eligendo Pontifice, que precedeu o conclave.
Todos os cardeais presentes em Roma, eleitores ou não, participaram na cerimônia, uma das mais intensas dos últimos anos. Eles entraram na Basílica de São Pedro com semblante sério e concentrado.
Sodano exortou os cardeais a "colaborar para edificar a unidade da Igreja" e "cooperar com o sucessor de Pedro".
"Estamos convocados a cooperar com o Sucessor de Pedro, fundamento visível de tal unidade eclesiástica', afirmou o influente cardeal.
"Eu os exorto a se comportarem de maneira digna, com toda humildade, mansidão e paciência, suportando-se reciprocamente com amor, tentando conservar a unidade do espírito por meio do vínculo da paz", disse Sodano, em referência à carta de São Paulo aos Efésios.
Ao ser citado pelo cardeal decano, o Papa Emérito Bento XVI, que está repousando na residência papal de verão em Castel Gandolfo, foi bastante aplaudido.
Sodano afirmou que o pontificado de Bento XVI foi "luminoso" e expressou a gratidão dos cardeais ao Papa Emérito, pedindo a Deus que dê "outro bom pastor à sua Santa Igreja".
"Queremos agradecer ao Pai que está nos Céus pela amorosa assistência que sempre reserva a sua Santa Igreja e em particular pelo luminoso pontificado que nos concedeu com a vida e as obras do 265º sucessor de Pedro, o amado e venerado pontífice Bento XVI, ao qual neste momento renovamos toda a nossa gratidão", disse.
No sermão, o cardeal também citou os Papas João Paulo II e Paulo VI, alem de lembrar o trabalho importante da Igreja nos últimos anos, que tem impacto não apenas entre os fieis, mas em diferentes culturas.
“Oremos para que o próximo Papa possa continuar esse incessante trabalho de nível mundial”, afirmou.
Cardeais concentrados
A missa atraiu principalmente pessoas ligadas a Igreja, como seminaristas, padres e freiras, e também fiéis. Dentro da Basílica, todos estavam muito atentos às orações e respeitosos aos ritos.
O máximo de conversa ouvida durante a missa foi a tradução das palavras para outros idiomas entre pessoas próximas – a missa foi celebrada basicamente em latim e italiano, com a primeira leitura em inglês e a segunda em espanhol-, além de orações dos fieis em cinco outros idiomas, incluindo o português.
Para conseguir um lugar sentado – especialmente perto do altar, onde ficaram os cardeais – foi preciso acordar cedo.
Às 9h, uma hora antes do início da missa, todos os lugares sentados já estavam ocupados. Muitas pessoas ficaram em pé nas laterais. Pouco antes do inicio da missa, o rosário foi rezado em latim.
Na entrada dos cardeais, nem mesmo os religiosos tiveram cerimônia – centenas de câmeras fotográficas e celulares foram levantados para registrar imagens dos homens que irão eleger o próximo pontífice a partir desta tarde. Quase todos os cardeais entraram concentrados, com semblante sério.
Alguns, entretanto, se destacavam – foi o caso do brasileiro Dom João Braz de Aviz, que entrou e saiu muito sorridente, visivelmente emocionado, olhando os fieis nos olhos e cumprimentando-os com o olhar.
O norte-americano Timothy Dolan, arcebispo de Nova York ,também era só sorrisos na entrada e na saída dos cardeais – ele chegou ate a arriscar acenos para os fiéis.
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