LITURGIA DO DIA 11 DE NOVEMBRO DE 2024
SEGUNDA-FEIRA – SÃO MARTINHO DE TOURS – BISPO
(branco, pref. comum ou dos pastores – ofício da memória)
Antífona da entrada
Farei surgir para mim um sacerdote fiel que agirá segundo o meu coração e a minha vontade, diz o Senhor (1Sm 2,35).
Primeira Leitura: Tito 1,1-9
Início da carta de são Paulo a Tito – 1Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para levar os eleitos de Deus à fé e a conhecerem a verdade da piedade 2que se apoia na esperança da vida eterna. Deus, que não mente, havia prometido essa vida desde os tempos antigos 3e, no tempo marcado, manifestou a sua palavra por meio do anúncio que me foi confiado por ordem de Deus, nosso salvador. 4A Tito, meu legítimo filho na fé comum, graça e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, nosso salvador. 5Eu deixei-te em Creta para organizares o que ainda falta e constituíres presbíteros em cada cidade, conforme o que te ordenei: 6todo candidato deve ser irrepreensível, marido de uma só mulher, com filhos crentes e não acusados de levianos ou insubordinados. 7Porque é preciso que o epíscopo seja irrepreensível, como administrador posto por Deus. Não seja arrogante nem irascível, nem dado ao vinho, nem turbulento, nem cobiçoso de lucros desonestos, 8mas hospitaleiro, amigo do bem, ponderado, justo, piedoso, continente, 9firmemente empenhado no ensino fiel da doutrina, de sorte que seja capaz de exortar com sã doutrina e refutar os contraditores. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 23(24)
Resposta: É assim a geração dos que buscam vossa face, / ó Senhor, Deus de Israel.
1. Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra, / o mundo inteiro com os seres que o povoam; / porque ele a tornou firme sobre os mares / e, sobre as águas, a mantém inabalável. – R.
2. “Quem subirá até o monte do Senhor, / quem ficará em sua santa habitação?” / “Quem tem mãos puras e inocente coração, / quem não dirige sua mente para o crime. – R.
3. Sobre este desce a bênção do Senhor / e a recompensa de seu Deus e salvador. / É assim a geração dos que o procuram / e do Deus de Israel buscam a face.” – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Como astros no mundo brilheis, pregando a palavra da vida! (Fl 2,15s) – R.
Evangelho: Lucas 17,1-6
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 1Jesus disse a seus discípulos: “É inevitável que aconteçam escândalos. Mas ai daquele que produz escândalos! 2Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar do que escandalizar um desses pequeninos. 3Prestai atenção: se o teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se converter, perdoa-lhe. 4Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’, tu deves perdoá-lo”. 5Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” 6O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria”. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Perdoa-lhe! (Lc 17,1-6)
Este Evangelho nos apresenta um dos incômodos imperativos de Jesus: perdoar a quem nos pede perdão. No Pai-Nosso, a única oração que o Mestre nos ensinou, ficou registrada a condição para sermos perdoados de nossos pecados: perdoar igualmente a todo aquele que pecou contra nós.
Quem comenta esta passagem é Anthony Bloom, metropolita do Patriarcado de Moscou:
“Não é que Deus não nos queira perdoar, mas se nós recusamos o perdão, colocamos em xeque o mistério do amor, nós o recusamos e já não há no Reino um lugar para nós. Não podemos ir adiante se não somos perdoados, e não podemos ser perdoados enquanto não perdoamos a todos que nos fizeram mal.
Isto está perfeitamente claro, límpido e preciso, e ninguém pode imaginar que está no Reino de Deus, a ele pertencer, se permanece em seu coração a recusa de perdoar. Perdoar a seus inimigos é a primeira característica do cristão, a mais elementar. Se falhamos nisso, não somos absolutamente cristãos e ainda estamos errantes no ardente deserto do Sinai.
Perdoar, porém, é algo extremamente difícil. Seria relativamente fácil conceder o perdão em um momento em que sentimos o coração pleno de mansidão ou num impulso de afetividade. Mas pouquíssima gente sabe como fazer para não o tomar de volta. De fato, o que chamamos de perdão consiste muitas vezes em pôr o outro à prova, nada mais que isso. Esperamos com impaciência os testemunhos do arrependimento, queremos estar seguros de que o penitente não é mais o mesmo, mas esta situação pode durar uma vida inteira, e nossa atitude é absolutamente contrária a tudo aquilo que o Evangelho ensina e, na verdade, tudo o que ele nos ordena.
A lei do perdão não é um estreito riacho na fronteira entre a escravidão e a liberdade; ela é larga e profunda: é o Mar Vermelho. Os hebreus não o atravessaram graças a seus próprios esforços, em barcos feitos pela mão do homem. O Mar Vermelho se abriu pelo poder de Deus. Foi preciso que Deus os ajudasse a atravessar. Mas, para ser conduzido por Deus, devemos comungar desta qualidade de Deus que é a capacidade de perdoar.”
Todos sonham com um mundo fraterno e pacificado, muitos invocam a pomba da paz, mas não são tão numerosos os que renovam, dia após dia, a decisão de perdoar os agressores. De preferência, antecipadamente. Não um perdão ocasional, como num ato de olímpico heroísmo, mas perdoar setenta vezes sete, isto é, sempre. Sem esse perdão, a paz permanecerá uma utopia inatingível…
Orai sem cessar: “O Senhor vai nos perdoar de novo.” (Mq 7,19)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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