Liturgia Diária

LITURGIA DO DIA 02 DE AGOSTO DE 2024

SEXTA-FEIRA DA 17ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia da 1ª semana do saltério)
Antífona da entrada
Deus habita em seu santuário, reúne os fiéis em sua casa; ele mesmo dá vigor e força a seu povo (Sl 67,6s.36).
Primeira Leitura: Jeremias 26,1-9
Leitura do livro do profeta Jeremias – 1No início do reinado de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, foi comunicada, da parte do Senhor, esta palavra, que dizia: 2“Assim fala o Senhor: Põe-te de pé no átrio da casa do Senhor e fala a todos os que vêm das cidades de Judá, para adorar o Senhor no templo, todas as palavras que eu te mandei dizer. Não retires uma só palavra; 3talvez eles as ouçam e voltem do mau caminho, e eu me arrependa da decisão de castigá-los por suas más obras. 4A eles então dirás: Isto diz o Senhor: Se não vos dispuserdes a viver segundo a lei que vos dei, 5a escutar as palavras dos meus servos, os profetas, que eu vos tenho enviado com solicitude e para vossa orientação e que vós não tendes escutado, 6farei desta casa uma segunda Silo e farei desta uma cidade amaldiçoada por todos os povos da terra”. 7Os sacerdotes e profetas e todo o povo presente ouviram Jeremias dizer essas palavras na casa do Senhor. 8Quando Jeremias acabou de dizer tudo o que o Senhor lhe ordenara falasse a todo o povo, prenderam-no os sacerdotes, os profetas e o povo, dizendo: “Este homem tem que morrer! 9Por que dizes, em nome do Senhor, a profecia: ‘Esta casa será como Silo, e esta cidade será devastada e vazia de habitantes’?” Todo o povo juntou-se contra Jeremias na casa do Senhor. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 68(69)
Resposta: Respondei-me, ó Senhor, pelo vosso imenso amor.
1. Mais numerosos que os cabelos da cabeça / são aqueles que me odeiam sem motivo; / meus inimigos são mais fortes do que eu; / contra mim eles se voltam com mentiras! / Por acaso poderei restituir / alguma coisa que de outros não roubei? – R.
2. Por vossa causa é que sofri tantos insultos / e o meu rosto se cobriu de confusão; / eu me tornei como um estranho a meus irmãos, / como estrangeiro para os filhos de minha mãe. / Pois meu zelo e meu amor por vossa casa / me devoram como fogo abrasador; / e os insultos de infiéis que vos ultrajam / recaíram todos eles sobre mim! – R.
3. Por isso elevo para vós minha oração / neste tempo favorável, Senhor Deus! / Respondei-me pelo vosso imenso amor, / pela vossa salvação que nunca falha! – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
A Palavra do Senhor permanece eternamente, / e esta é a Palavra que vos foi anunciada (1Pd 1,25). – R.
Evangelho: Mateus 13,54-58
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 54dirigindo-se para a sua terra, Jesus ensinava na sinagoga, de modo que ficavam admirados. E diziam: “De onde lhe vem essa sabedoria e esses milagres? 55Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? 56E suas irmãs não moram conosco? Então, de onde lhe vem tudo isso?” 57E ficaram escandalizados por causa dele. Jesus, porém, disse: “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família!” 58E Jesus não fez ali muitos milagres, porque eles não tinham fé. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Não fez ali muitos milagres… (Mt 13,54-58)
Um Evangelho que devia espantar o leitor! A começar do fato de que o evangelista tenha registrado um “fracasso” de Jesus. Os biógrafos de um herói, de um grande vulto da História, tratam de dar ênfase às realizações e conquistas do personagem escolhido. Por outro lado, ocultam bem suas falhas ou, no mínimo, tratam de “dourar a pílula” para não lhe estragar a imagem.
Aqui, não. São Mateus declara, com todas as letras, que Jesus não pôde fazer muitos prodígios em sua terra natal. Em outras terras, ele limpara o leproso, expulsara demônios, acalmara a tempestade. Em Nazaré, veem nele apenas o “filho do carpinteiro”. A objetividade racionalista de seus conterrâneos ata as mãos do Senhor.
Temos aqui uma lição. Deus, que é onipotente, não costuma invadir nossas vidas com demonstrações gratuitas de poder. Ele conta com nossa cooperação. Ele aguarda de nossa parte algum tipo de abertura para sua intervenção. Tanto que, antes de realizar certas curas, Jesus perguntava ao cego, ou ao surdo ou ao paralítico: “Que queres que eu te faça?” Aos dois cegos, ele pergunta: “Credes que eu posso fazer isto?” (Mt 9,28) E antes de ressuscitar a filha de Jairo, diz ao Pai: “Não temas, crê somente.” (Lc 8,50)
Quando lemos a vida dos santos, dos fundadores de Institutos religiosos, dos missionários, assombra-nos a imprudente ousadia de todos eles quando se lançam a empresas humanamente utópicas, sem contar com recursos materiais nem apoio humano, mas tão somente com a certeza de que a obra era de Deus e, por isso mesmo, sua Graça não lhes faltaria jamais.
E mais: com raríssimas exceções, as iniciativas desses homens de Deus enfrentaram todo tipo de obstáculo e oposição: ciúmes, calúnias, denúncias, campanhas de difamação, traições internas. E lá vão esses maravilhosos servos de Deus, sempre adiante, enquanto o Senhor faz em suas vidas os milagres que ainda não faz nas nossas… Também nós recebemos de Deus tarefas e missões que jamais conseguiremos realizar se contamos apenas com nossas próprias forças. Construir uma família, educar os filhos no bem, atuar para a transformação da sociedade…
E Jesus, desejoso de fazer o impossível em nossa vida, vem perguntar: “Você crê que eu posso fazer isso?”
Orai sem cessar: “Tudo é possível ao que crê!” (Mc 9,23)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.