LITURGIA DO DIA 29 DE JUNHO DE 2024
SÁBADO DA 12ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Antífona da entrada
O Senhor é a força do seu povo, é a fortaleza de salvação do seu Ungido. Salvai vosso povo, Senhor, abençoai vossa herança e governai-a pelos séculos (Sl 27,8s).
Primeira Leitura: Lamentações 2,2.10-14.18-19
Leitura do livro das Lamentações – 2O Senhor destruiu sem piedade todos os campos de Jacó; em sua ira, deitou abaixo as fortificações da cidade de Judá; lançou por terra, aviltou a realeza e seus príncipes. 10Sentados no chão, em silêncio, os anciãos da cidade de Sião espalharam cinza na cabeça, vestiram-se de saco; as jovens de Jerusalém inclinaram a cabeça para o chão. 11Meus olhos estão machucados de lágrimas, fervem minhas entranhas; derrama-se por terra o meu fel diante da arruinada cidade de meu povo, vendo desfalecerem tantas crianças pelas ruas da cidade. 12Elas pedem às mães: “O trigo e o vinho, onde estão?” E vão caindo como derrubadas pela morte nas ruas da cidade, até expirarem no colo das mães. 13Com quem te posso comparar ou a quem te posso assemelhar, ó cidade de Jerusalém? A quem te igualarei, para te consolar, ó cidade de Sião? Grande como o mar é tua aflição; quem poderá curar-te? 14Teus profetas te fizeram ver imagens falsas e insensatas, não puseram a descoberto a tua malícia, para tentar mudar a tua sorte; ao contrário, deram-te oráculos mentirosos e atraentes. 18Grite o teu coração ao Senhor, em favor dos muros da cidade de Sião; deixa correr uma torrente de lágrimas, de dia e de noite. Não te concedas repouso, não cessem de chorar as pupilas de teus olhos. 19Levanta-te, chora na calada da noite, no início das vigílias, derrama o teu coração, como água, diante do Senhor; ergue as mãos para ele, pela vida de teus pequeninos, que desfalecem de fome em todas as encruzilhadas. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 73(74)
Resposta: Não esqueçais até o fim / a humilhação dos vossos pobres.
1. Ó Senhor, por que razão nos rejeitastes para sempre / e vos irais contra as ovelhas do rebanho que guiais? / Recordai-vos deste povo que outrora adquiristes, † desta tribo que remistes para ser a vossa herança / e do monte de Sião que escolhestes por morada! – R.
2. Dirigi-vos até lá para ver quanta ruína: / no santuário o inimigo destruiu todas as coisas; / e, rugindo como feras, no local das grandes festas, / lá puseram suas bandeiras vossos ímpios inimigos. – R.
3. Pareciam lenhadores derrubando uma floresta, / ao quebrarem suas portas com martelos e com malhos. / Ó Senhor, puseram fogo mesmo em vosso santuário! / Rebaixaram, profanaram o lugar onde habitais! – R.
4. Recordai vossa Aliança! A medida transbordou, / porque nos antros desta terra só existe violência! / Que não se escondam envergonhados o humilde e o pequeno, / mas glorifiquem vosso nome o infeliz e o indigente! – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O Cristo tomou sobre si nossas dores, / carregou em seu corpo as nossas fraquezas (Mt 8,17). – R.
Evangelho: Mateus 8,5-17
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 5quando Jesus entrou em Cafarnaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando: 6“Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia”. 7Jesus respondeu: “Vou curá-lo”. 😯 oficial disse: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado. 9Pois eu também sou subordinado e tenho soldados debaixo de minhas ordens. E digo a um: ‘Vai!’, e ele vai; e a outro: ‘Vem!’, e ele vem; e digo ao meu escravo: ‘Faze isto!’, e ele faz”. 10Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado e disse aos que o seguiam: ”Em verdade vos digo, nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé. 11Eu vos digo, muitos virão do oriente e do ocidente e se sentarão à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó, 12enquanto os herdeiros do Reino serão jogados para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes”. 13Então, Jesus disse ao oficial: “Vai! E seja feito como tu creste”. E naquela mesma hora o empregado ficou curado. 14Entrando Jesus na casa de Pedro, viu a sogra dele deitada e com febre. 15Tocou-lhe a mão, e a febre a deixou. Ela se levantou e pôs-se a servi-lo. 16Quando caiu a tarde, levaram a Jesus muitas pessoas possuídas pelo demônio. Ele expulsou os espíritos com sua palavra e curou todos os doentes, 17para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: “Ele tomou as nossas dores e carregou as nossas enfermidades”. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Eu não sou digno… (Mt 8,5-17)
Um centurião romano, chefe de cem soldados, está acostumado a dar ordens e a vê-las cumpridas sem retardos nem desculpas. Uma só palavra e basta! Por certo, o militar já está bem informado sobre Jesus, o estranho Rabi da Galileia que cura os enfermos, devolve a visão aos cegos e liberta os possessos. Mesmo sendo um estrangeiro na Palestina, ele reconhece a autoridade de Jesus sobre os males físicos e espirituais. Este reconhecimento (uma modalidade de fé?) é que o anima a rogar pelo servo doente.
Ao ver que Jesus faz menção de ir à sua casa, o soldado romano se espanta, atrapalhado: não precisa tanto, basta uma palavra! Afinal, um judeu que entrasse no ambiente “impuro” do estrangeiro, ficaria também ele ritualmente impuro. E o centurião tem um argumento invencível para que Jesus de Nazaré não visite seu lar, a casa de um estrangeiro, invasor e “pagão”: “Senhor, eu não sou digno!”
Como não pensar naquele publicano da parábola (cf. Lc 18,9ss), que sequer se aproximava do altar e – tão diferente do fariseu contador de vantagens – lá do fundo do Templo, olhos no chão, batia no peito e se rebaixava diante do Senhor: “Tem piedade de mim, que sou pecador”?
Não é sem motivo que nossas Eucaristias começam sempre por um ato penitencial. É, talvez, uma tentativa desesperada da Igreja para nos recordar nossa condição de pecadores. Espera-se que, batendo no peito, examinando a própria consciência, nós desistamos da impropriedade de cobrar alguma coisa de Deus, ou de apresentar-lhe nossos méritos (aliás, inexistentes…) ou mesmo reclamar asperamente do Senhor pela má qualidade dos serviços que Ele nos presta…
Como faz falta a todos nós este realista sentimento de indignidade! Aquele mesmo sentimento do pródigo que está voltando para casa com um discurso ensaiado: “Já não sou digno de ser chamado teu filho… Podes tratar-me como um dos empregados…” (Lc 15,19.) Para ouvir, surpreso, a resposta do Pai: “Não tem jeito, meu filho! Enquanto eu for Pai, tu serás meu filho!”
É assim que se descobre a verdade fundamental em nossa relação com Deus: não somos amados porque somos bons; somos amados porque somos filhos… Não é por mérito nosso. É pelo amor do Pai…
De que maneira eu costumo apresentar-me diante de Deus? Desfio o longo rosário de minhas boas ações e cobro retribuição? Ou confesso humildemente os meus pecados e recebo o seu perdão?
Orai sem cessar: “Junto ao Senhor se acha a misericórdia!” (Sl 130,7)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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