LITURGIA DO DIA 06 DE JUNHO DE 2024
QUINTA-FEIRA DA 9ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Antífona da entrada
Olhai para mim, Senhor, e tende compaixão, porque sou pobre e estou sozinho. Considerai minha miséria e sofrimento e concedei vosso perdão aos meus pecados (Sl 24,16.18).
Primeira Leitura: 2 Timóteo 2,8-15
Leitura da segunda carta de São Paulo a Timóteo – Caríssimo, 8lembra-te de Jesus Cristo, da descendência de Davi, ressuscitado dentre os mortos, segundo o meu Evangelho. 9Por ele eu estou sofrendo até as algemas, como se eu fosse um malfeitor; mas a Palavra de Deus não está algemada. 10Por isso suporto qualquer coisa pelos eleitos, para que eles também alcancem a salvação, que está em Cristo Jesus, com a glória eterna. 11Merece fé esta palavra: se com ele morremos, com ele viveremos. 12Se com ele ficamos firmes, com ele reinaremos. Se nós o negamos, também ele nos negará. 13Se lhe somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo. 14Lembra-lhes tais coisas e conjura-os por Deus a evitarem discussões vãs, que de nada servem a não ser para a perdição dos ouvintes. 15Empenha-te em apresentar-te diante de Deus como homem digno de aprovação, como operário que não tem de que se envergonhar, mas expõe corretamente a Palavra da verdade. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 24(25)
Resposta: Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos!
1. Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos / e fazei-me conhecer a vossa estrada! / Vossa verdade me oriente e me conduza, / porque sois o Deus da minha salvação. – R.
2. O Senhor é piedade e retidão / e reconduz ao bom caminho os pecadores. / Ele dirige os humildes na justiça / e aos pobres ele ensina o seu caminho. – R.
3. Verdade e amor são os caminhos do Senhor / para quem guarda sua aliança e seus preceitos. / O Senhor se torna íntimo aos que o temem / e lhes dá a conhecer sua aliança. – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus Cristo salvador destruiu o mal e a morte; / fez brilhar pelo Evangelho a luz e a vida imperecíveis (2Tm 1,10). – R.
Evangelho: Marcos 12,28-34
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 28um mestre da Lei aproximou-se de Jesus e perguntou-lhe: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” 29Jesus respondeu: “O primeiro é este: Ouve, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. 30Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força! 31O segundo mandamento é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo! Não existe outro mandamento maior do que estes”. 32O mestre da Lei disse a Jesus: “Muito bem, Mestre! Na verdade, é como disseste: ele é o único Deus e não existe outro além dele. 33Amá-lo de todo o coração, de toda a mente e com toda a força e amar o próximo como a si mesmo é melhor do que todos os holocaustos e sacrifícios”. 34Jesus viu que ele tinha respondido com inteligência e disse: “Tu não estás longe do Reino de Deus”. E ninguém mais tinha coragem de fazer perguntas a Jesus. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
De todo o coração… (Mc 12,28b-34)
Todo Evangelho interpela e incomoda. Mas esta passagem pode ser mais incômoda que as outras: amar ao próximo com um amor inseparável do amor a Deus…
Uma forma comum de tentar escapulir ao mandamento áspero consiste em delimitar o “próximo”, como tanto se discutiu entre os mestres da Lei: quem é o meu próximo? Só os membros do meu clã? Somente os outros israelitas? Os vizinhos incômodos estão incluídos? Os estrangeiros idólatras? A quem eu posso excluir da condição de meu “próximo”?
Vem Jesus de Nazaré e pisa em nosso calo: amar a Deus de todo o coração é inseparável de amar ao próximo como a mim mesmo. Os dois amores se harmonizam e se completam. A falta de um desses amores nega a existência do outro que faz o par com ele.
Comenta o biblista Hébert Roux: “O que confere ao mandamento sua autoridade e sua grandeza, é o fato de que Jesus o pronuncia e o designa como ‘grande’. Ele não traz um mandamento novo, mas confere ao mandamento antigo o seu verdadeiro valor. A resposta de Jesus não é a de um mestre da Lei. É ele quem a promulga e é nele que o mandamento se cumpre (cf. Mt 5,17). É este cumprimento da Lei por Jesus que lhe dá sua verdadeira novidade (cf. Jo 13,34).
O amor a Deus e o amor ao próximo não são simplesmente atitudes comandadas; eles se encarnam na pessoa do próprio Jesus. É exatamente porque ele veio cumprir, por sua vida, sua morte e ressurreição, a Lei e os Profetas, que ele pode declarar com autoridade que todo o conteúdo da Antiga Aliança está ‘apenso’ ao mandamento de amar a Deus e a seu próximo. É nele que não apenas a Lei, sob a forma de um mandamento, mas também a promessa da graça, anunciada pelos Profetas, encontra a sua única realização.”
Com a parábola do “samaritano” (cf. Lc 10,29ss), Jesus demonstrou de maneira cabal que meu próximo é aquele de quem eu me aproximo, ainda que existisse uma barreira de ódio secular entre um judeu (o ferido) e um samaritano (aquele que cuidou do ferido). Pena que tenhamos batizado a narrativa como parábola “do bom samaritano”, como se este fosse uma exceção em um mundo de “maus samaritanos”…
Hoje, quando o ódio permanece vivo, temos espaço para exercer o amor.
Orai sem cessar: “Onde o amor e a caridade, Deus ai está…”
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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